Arando a Terra - Em uma parábola contada por Jesus, encontramos uma belíssima história sobre uma semente que jogada em boa terra cresce, e produz muito, porém outras caem em solo rochoso, cheio de espinhos ou a beira do caminho e não tem a mesma sorte. Não podemos nos esquecer que a terra em que realizamos nossa plantação faz muita diferença. Precisamos preparar a terra para receber a semente. A pergunta é: como?
Arar faz menção a arejar, revolver, dar nova vida ao solo. Preparar para receber. Em nossas vidas significa, pegar o velho, o ultrapassado pensamento e sacudí-lô de maneira a não permitir que continue tão rígido, que receba um pouco de luz, ar e umidade, e venha a ter contato com outra realidade. Na prática, quer dizer: questione, será mesmo que estou sempre certo? Preciso estar sempre certo para ser feliz? O que tenho a perder, se aceitar que sou humano e não consigo acertar sempre? E a ganhar?
Posso antecipar a resposta de uma das perguntas: temos muitíssimo a ganhar, mais do que podemos imaginar. Estar certo não é a solução para os nossos problemas, mas sim o grande problema que nos impede de encontrar a verdadeira solução. Não é estando sempre certos que seremos felizes, é estando sempre receptivos ao novo, ao aprendizado maravilhoso que a vida nos oferece.
Então, mãos a obra, pegue uma folha de papel em branco e corte em três pedaços e faça os seguintes exercícios:
- Em um dos pedaços de papel escreva a frase: “Esteja aberto ao novo!”. Após amasse, faça uma bolinha de papel, e guarde ela em sua carteira, bolso ou bolsa. Vamos, faça isto, se você não conseguir nem mesmo realizar esta ação, como espera manter sua mente arada para as constantes novidades da vida? Sim, eu sei, você não está acostumado com isto, incomoda, mas é exatamente isto que pretendemos: experimentar o novo e criar estratégias para conviver com ele.
- No segundo pedaço de papel quero que você escreva o seu nome e logo após a seguinte frase: “não está sempre certo” - ou “não está sempre certa”, se você for mulher - e assine logo abaixo da frase. Certamente você pode estar pensando que brincadeira de mau gosto, mas acredite, isto terá um forte impacto no solo de sua mente para lhe tornar uma pessoa mais feliz.
- Por fim, no terceiro, não escreva nada, desenhe um ponto de interrogação.
Agora você terá uma rápida tarefa a realizar durante esta semana: a primeira bolinha carregue com você durante toda esta semana. A segunda use, sem dobrar ou amassar, use como marcador durante a leitura deste livro. E a terceira esconda em uma gaveta que você provavelmente vá abrir todos os dias.
Se você está se perguntando por que, quero lhe dar os parabéns, está indo muito bem. Vamos então aos porquês:
O papel “Esteja aberto ao novo” te fará conviver com algo inusitado, um papel amassado na carteira ou na bolsa, com o objetivo de te lembrar, todas as vezes que olhar para ele, que você precisa estar aberto ao novo. Desta forma estará arando a terra de sua mente para receber novidades, e o mais importante: aprenderá instintivamente a inovar juntando peças – informações - que antes se recusava a combinar.
O marcador buscará te livrar da incomoda obrigação que sua mente pode vir lhe causando de estar sempre certo. Não se trata da busca por fazer o que é certo, pois isto é excelente, mas da convicção que tudo o que faz está certo, que é destrutiva, pois não é verdade. Todos erramos em muitas coisas, infelizmente nem todos temos a capacidade de admitir isto. Entenda: o problema não é estar errado, é não se arrepender de estar errado. E quem poderá se arrepender se antes não conseguir admitir? Quantos projetos não foram lançados e fracassaram porque alguém não quis admitir que um de seus cálculos estava errado? Quantos casamentos destruidos, pois nenhum dos dois conseguia assumir a sua parcela de erros na relação? Não se engane, esta atitude é fundamental em todas as áreas da vida.
E por fim, o terceiro pedaço de papel buscará lhe ensinar a questionar, a perguntar, a ir mais além. Todas as vezes que abrir a gaveta, lembre-se de quando era criança, de como aprendia tudo com facilidade. Quando criança aprendemos a falar nossa língua materna sem ir a escola, mas como isto acontece? E porque? Simplesmente porque não temos medo de questionar, de perguntar, de parecer que não sabemos das coisas. Os melhores alunos normalmente são aqueles que mais perguntam, chegando a colocar os professores contra a parede, pois eles não estão satisfeitos com o superficial. Querem mais. Querem aprender. Então não deixe de questionar e perguntar, isto poderá levar você mais longe do que imagina.
Quero te convidar a realmente realizar estas atividades, podem parecer simples, e realmente são, mas é na simplicidade que está a verdadeira sabedoria. Sabedoria é algo simples, tremendamente simples, porém repetido a um nível tão extremo que aperfeiçoa tudo que toca. Experimente, Confie e Comprove. O máximo que irá acontecer é uma folha de papel se perder, mas você tem tudo a ganhar.
Trecho do Livro Sementes - Mistérios da Criação por Gilliard Lima