Sinaptrônica - Parte 2 - Conto de Ficção Científica


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A humanidade havia passado anos tentando encontrar um meio de evitar o inevitável. A morte. E agora um ser que nem mesmo é vivo diz ter encontrado a solução para viver mais? Esta foi a pergunta que todos fizeram após o INeuron – o supercomputador sinaptrônico – divulgar a informação que havia encontrado um mecanismo seguro para realizar a reinicialização celular, uma maneira de tornar todas as células do corpo renováveis. 
O INeuron já havia realizado diversas outras descobertas, e possivelmente foi por isto que ninguém duvidou, e mesmo sem testes o procedimento começou a ser praticado mundialmente. A um custo altíssimo.
Inicialmente os resultados foram extraordinários, algumas doenças na época eram consideradas incuráveis, e após algumas aplicações da reinicialização celular simplesmente desapareceram, gerando uma euforia por todo o mundo. Após três meses desta descoberta um grupo de estudiosos divulgou uma matéria que colocava em xeque a capacidade humana de se governar, comentando a respeito das ditaduras, monarquias e criticando a democracia fracassada que estavam vivendo. Ao mesmo tempo que incluíam diversos estudos que comprovavam a capacidade do INeuron de tomar decisões mais sensatas e acertadas.  Foi o inicio da revolução. 15 países da África do Sul se uniram e concordaram em ser governadas pelo lNeuron, contanto que disponibilizasse reinicialização celular para toda sua população. Um dia depois o número de países membros da Continenty – nome pelo qual ficou conhecido o união mundial das nações governadas pelo lNeuron – já passava de 200 países. Os países que não aderiram não contavam com o poder da opinião popular, que se manifestou violentamente a favor do governo centralizado. Uma semana depois não sobrou nem mesmo um pais que não aderisse. O mundo contava com um novo representante.
Porém descobriu-se que o processo de reinicialização celular não era eterno, na verdade, nem mesmo expandia grandemente o tempo de vida, ele apenas causava uma manutenção da aparência jovem, mas o organismo inexplicavelmente apresentava sintomas que não conferiam com a idade aparente das pessoas. Víamos jovens de 70 anos sentados em bancos, cansados e esperando a morte chegar. Algo igualmente estranho acontecia com as pessoas que passavam de cem anos, elas se queixavam de dores quando estavam com todos os órgãos perfeitos, e após alguns anos simplesmente faleciam. Os psicólogos argumentavam que a morte estava na mente da pessoas, e muitos tratamentos foram criados, todos se mostrando ineficazes a longo prazo.
Enquanto isto o novo governador – o lNeuron – não parava de criar, agora com um objetivo bem definido, tornar a terra um bom lugar para os humanos. Criou robôs de todos os tipos e finalidades. Em 2213 já haviam três robôs para cada ser humano na terra, o que estava gerando uma série de desafios quanto a densidade populacional. Mas isto não foi problema por muito tempo graças a construção da Nova Atlântida,a cidade submersa que foi reconstruída e se tornou a mais bela das cidades.
- Ônix – Helen o interrompeu pela primeira vez desde o começo de sua narrativa – estou lembrando da Nova Atlântida, mas não consigo lembrar de mais nada. Este aparelho, Capuz temporal, deve ter afetado minha cabeça... mas me sinto bem só um pouco zonza com este tanto de informação.
- Não é Capuz temporal - Ônix sorriu tentando esconder o quanto apreciava aquele momento – é a Cápsula temporal, você ficou aí por 579 anos, é natural que não se lembre muito bem, mas dentro de algumas semanas você estará melhor. Como já lhe disse é importante que eu te passe todas estas informações para que os medicamentos que você está tomando tenham efeito e a sua memória retorne complemente.
- Cápsula temporal... o que ela faz exatamente?
- Bom, exatamente é complicado explicar. – Ônix resolveu sentar, estava muito animado, pois tudo correia como esperado, porém não dormia há dois dias - É como se ela tivesse congelado você durante todo este tempo. Você é então a 579ª a sair da cápsula, ainda restam 421 que estão “dormindo”.
- Então... quando vão acordar eles? – perguntou Helen enquanto admirava uma porta-retrato holográfico que estava no meio das sala.
- Nos próximos anos – respondeu Ônix, e percebendo o olhar de espanto completou – um a cada ano, esta é recomendação, temos que ter esta garantia. Para a humanidade.
- Mas por que?
- Para entender isto preciso continuar te contando o que aconteceu com a Nova Atlântida. Disposta a ouvir?
- Sim, claro! Não vejo a hora de me lembrar de tudo – Sorriu Helen e voltou para junto de Ônix. – Conte-me tudo!
- Bom, a cidade era perfeita. Totalmente auto-suficiente. Ela só tinha um problema. Estava dentro da água. E foi este detalhe que fez toda a diferença.
Gilliard Lima

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